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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O segundo a mais que pode travar computadores em 2015

Os NTPs costumam contabilizar um segundo a mais em seus relógios no dia de um leap second. Só não se engane: no Brasil, o evento acontecerá às 20h59, e não à meia-noite


Além dos anos bissextos, há um fenômeno temporal bem mais impreciso que afeta a contagem de tempo estabelecida em nosso planeta: o leap second, um segundo a mais adicionado periodicamente a uma hora. Essa adição no tempo, que acontecerá no dia 30 de junho deste ano, está relacionada não à translação do planeta, e sim à velocidade de rotação da Terra, que eventualmente sofre alterações devido à gravidade, a fenômenos naturais – como tsunamis, terremotos – e até à maré.

Estas mudanças fazem com que a hora terrestre, baseada na posição do Sol, fique diferente da contabilizada pelos relógios atômicos. Esses dispositivos, que funcionam baseados em átomos de césio e contam o tempo em sincronia pelo mundo, medem a hora com extrema precisão e servem como base para o sistema de um GPS e, principalmente, para o Tempo Universal Coordenado (UTC). “E quando a diferença [entre a Terra e os relógios] acumula, adiciona-se um segundo a contagem”, diz Mario Fittipaldi, chefe do Serviço de Geração e Disseminação de Hora no Observatório Nacional.

O segundo a mais, porém, não acontece em intervalos exatos – as últimas vezes em que foi relatado foram em dezembro de 2008 e junho de 2012. E é essa imprecisão que transforma uma mísera unidade de tempo em um problema em potencial para computadores, conforme explica a INFO Antonio Moreiras, gerente de projetos do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Em 2012, a adição de um segundo ao relógio afetou sistemas baseados em Linux e a plataforma de aplicações Java, derrubando sites como o fórum Reddit e a página da Mozilla. Os sistemas, segundo Moreiras, não contabilizaram a mudança no Protocolo de Tempo de Rede (NTP), responsável por fornecer a hora certa aos computadores, e por isso apresentaram problemas ou simplesmente travaram. “E não dá para ter certeza de que isso não vai acontecer de novo”, diz. “Nós não esperamos problemas, mas não conseguimos prever se tudo funcionará como deve.”

Então como evitar transtornos? – Para o especialista, que também coordena o projeto do NTP brasileiro (NTP.br), usuários finais não correm riscos. Administradores, porém, devem testar previamente, em ambientes isolados, suas plataformas, para entender como elas se comportarão. Depois que o segundo for adicionado – às 20h59 do dia 30 de junho, na hora de Brasília –, é bom testá-las novamente, talvez mantendo até uma equipe de plantão.

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